quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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A mesma ponderação clássica que recai sobre a história profana deve ser válida para a história sacra. Mudam suas figuras. Saem a coragem dos heróis no campo de batalha e o severo exemplo da moderação no poder; surgem a modéstia do mártir e a humildade do pastor. Esta música quer realçar a linhagem que começa em Abel, que cuidava de ovelhas, segue por Estevão e chega ao fiel, sentado em seu banco de igreja em Leipzig.

A ponderação musical começa pela Epístola, invocando a Perseguição, a Contestação, pois que é por esse meio que vem a Coroa da Vida. Muito pior, responde a alma em ária terrível, seria o desamor de Jesus, pior que a tristeza do inferno. Jesus celebra, entretanto, em música triunfante que o inimigo foi golpeado.

A Contestação, antes temida, se desvanece e o fiel proclama alegremente que quer terminar sua vida rapidamente. A voz do soprano, que também é a alma humana, inocente, angustiada, se oferece em sacrifício e diretamente pergunta : qual o meu prêmio?

A resposta do coral é a mensagem do pastor musical, que deixa o diálogo entre as vozes e assume novamente o sermão. O curso da história revela seu significado: não temas.