quinta-feira, 1 de julho de 2010

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A contemplação constante do terror, o incessante turbilhão da loucura humana e o sofrimento de uma dor sem remédio empurram o coração para a Fé. Acreditar, contudo, nem sempre funciona. Em meio ao tormento, sem ver saída, não é fácil conquistar a serenidade da Fé. E, assim, disse o pai do menino: eu creio, mas ajuda minha incredulidade.

Deixem que os santos se gloriem em sua calma. Para todo o resto de nós, persiste a convivência com a dúvida e a angústia. A Fé é um dom, uma dádiva. Não crê quem apenas quer crer: há um limiar a ser transposto. Um limiar em nosso desespero, possessão, oração, jejum e penitência.

Essa composição em tonalidade ocre não pretende resolver esse dilema. Sua chave está na ária para alto: a Fé segue longe de nosso alcance, mas o Salvador nos conhece, conhece os seus e vem ajudar. No limiar, estaremos acompanhados. Soam doces os oboés.

Sobre o sermão final, o coral, ainda pairam demônios, infortúnios e perigos. Em ré menor, ele adverte a construir sobre essa rocha. Deus ajuda, mas a Fé precisa entrar em seu coração. Ela não estava lá.

Ich glaube, lieber Herr, hilf meinem Unglauben!

“Eu creio, ó Senhor, mas ajuda-me na incredulidade!”



3 comentários:

  1. “Eu creio, ó Senhor, mas ajuda-me na incredulidade!”
    As vezes mesmo a nossa fé sendo do tamanho de um grão de mostarda, mas tendo humildade o Senhor nos cura, como curou aquele menino lunatico.

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  2. Fé não é para quem quer; é para quem pode.

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