terça-feira, 18 de maio de 2010

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Na primeira camada de significados está a terrível história judia, a libertação do povo de Israel do cativeiro no Egito, quando a mão de Deus feriu a Terra e os homens. Sobre ela, vem a ressurreição de Jesus, a Páscoa definitiva, quando o primeiro o judeu, depois o grego, recebem a promessa da vida eterna. Então vêm a poesia e a música que trouxeram a luz para as florestas e pântanos dos germanos, soando em meio a brumas e ao frio intolerável para proclamar que Jesus está novamente alevantado. E depois vêm a exaltação da fé protestante diante do sepulcro e da mortalha.

Como se não bastasse, o compositor decide evitar qualquer ornamento. O texto e a melodia do coral soam em toda sua noturna severidade, porque afinal o sangue marca a porta do crente e o Cordeiro sacrificado arde amoroso no alto do madeiro da Cruz. As vozes se inflamam; o contraponto é veículo da angústia. A música se transforma escultura - um crepuscular retábulo de sons ocres.

Mas o contraponto é também veículo da luta e da libertação; posto que o aguilhão tombou; o carrasco não pode mais nos ferir e o próprio nome da Morte é escárnio. Há combate e violência e uma morte devorou a outra Morte. Celebra-se uma alta festa e a noite acabou. O crepúsculo, na verdade, era amanhecer.

Mesmo tão pejada de símbolos, de memórias e de séculos, essa música não se verga, nem perde a direção. Quer ser precisamente um hino de combate e de vitória e consegue.


Christ lag in Todesbanden
Für unsre Sünd gegeben
Er ist wieder erstanden
und hat uns bracht das Leben;
Des wir sollen frölich sein
Gott loben und ihm dankbar sein
und singen Halleluja!
Halleluja!

Cristo jaz em mortalhas
por nossos pecados levado.
De novo ele está alevantado
E a nós trazendo a Vida
Devemos todos, alegres,
Dar graças, louvar a Deus
E cantar Aleluia!
Aleluia!



Um comentário:

  1. Gloria aleluia, gloria aleluia, três vezes gloria aleluia ao divinal pastor que pelo seu imenso amor as suas ovelhas, recebeu morte e morte de cruz.
    Gloria aleluia, ao filho do homem que tantas obras o fez multiplicou os pães, curou a sogra de Pedro, deu vida aos mortos e ao terceiro dia ressucitou.
    Que todas as nações e tribos, digam; Gloria aleluia ao Senhor Jesus Cristo seja dado, unico digno de honra e gloria para todo sempre.

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