quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

198

Pense em uma casa vazia onde vive uma orgulhosa mulher triste. Pense em uma renúncia que será celebrada apenas em silêncio. No tempo que vai passando à espera da morte. Em uma menina que nunca mais dançará. Na melhor resposta ao amor desprezado. Pense na redobrada aposta nas palavras do apóstololo, pois apenas a fé nos há de salvar e o resto é somente uma conduta honrada diante de nossos irmãos pecadores. Pense no significado do exemplo. Agora, ponha música sobre tudo.

Pois a rainha morreu como heroína e lutou em espírito, como nós também deveríamos. Contestou o braço da morte e não deixou que conquistasse seu peito. Não podemos mais lhe conceder coisa alguma, senão a companhia de um cortejo, a promessa da memória e a esperança de que o mal não prevalecerá. Sobre este luto ponha música.

Então ergue-se uma mística prece cujo tema espantoso é o azul safira da mansão celestial cuja luz transfigura a face de uma rainha morta e apaga de sua alma toda a tristeza que existe na Terra. Ela não está mais entre nós.

Não esqueceremos, ó Rainha, até o final dos tempos. Sabemos o que tínhamos em ti. Estamos sós, mas lembramos.


Laß, Fürstin, laß noch einen Strahl
Aus Salems Sterngewölben schießen.
Und sieh, mit wieviel Tränengüssen
Umringen wir dein Ehrenmal!


Deixa, Rainha, deixa ainda um Raio
Escapar das abóbodas de Salém tão cheia de Estrelas
E vê com quantos rios de Lágrimas
Cercamos teu Mausoléu!


Nenhum comentário:

Postar um comentário