A crença em Deus é também a promessa da Revolução. Está dito que os poderosos serão jogados nos abismos de enxofre e os pobres desta Terra serão como as estrelas do céu. Ele há de tirar dos ricos para dar aos famintos. Que não haja engano sobre isso: muitos santos tremeram pelo destino que aguarda os opulentos. Deus escolheu nascer entre os oprimidos, do corpo de uma mulher.
Sem dúvida há razão para o júbilo, pois uma moça agora carrega uma criança e a promessa a Abraão foi cumprida. Os que estavam tristes podem ser alegrar com o futuro. Essa música, contudo, não traz o tumulto da revolta ou da vingança. A voz da moça escolhida canta uma alegre e luminosa canção galante. Os poderosos são jogados no inferno ao som de uma dança para salão.
O artista, também um dos crentes, consuma a suprema ironia. As leves melodias que exaltam a felicidade terrena e os brilhantes salões de divertimento estão na voz de Maria, a moça judia, e prometem a saciedade aos famintos. A música que soa para a alegria dos felizes nesse mundo agora ilumina a promessa de Deus aos felizes no outro mundo.
A música séria, a música da Paixão, é ouvida brevemente, apenas no momento preciso: no recitativo com as palavras de Deus a Abraão no deserto, cheias de graça e verdade.
Meine Seel erhebt den Herren,
Und mein Geist freuet sich Gottes, meines Heilandes;
Denn er hat seine elende Magd angesehen.
Siehe, von nun an werden mich selig preisen alle Kindeskind.
“Minh’alma engrandece ao Senhor,
E meu Espírito se Alegra em Deus, meu Salvador;
Porque atentou na baixeza de sua Serva;
Pois eis que desde agora me chamarão bem-aventurada”
(Lucas 1, 46-48, versão de João Ferreira de Almeida).
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
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