segunda-feira, 22 de março de 2010

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A conciliação entre a música profana e a música religiosa está certamente nos três eixos de coordenadas cartesianas. Basta abandonar um conceito unidimensional de música, entendê-la como um objeto no espaço, livre das convenções do direito autoral ou de concepções simplórias das emoções humanas.

No eixo x, está a música que celebra o aniversário de um monarca esquecido e a promessa de segurança para as ovelhas. Ela invoca as paisagens amáveis e as horas de alegria, mas para demandar a eternidade. Vencida a tristeza, o coração está em júbilo em meio a trompetes e tímpanos. No eixo z, soa a música do Salmo do Senhor, o cântico de vitória dos justos em suas tendas. Agora ela celebra o poder da destra de Deus eterno que faz proezas.

No eixo y, que define a esfera de sons, as múltiplas alegrias se misturam com os sentimentos de vitória. A alegria de viver entre maravilhas convive com o pedido de graças e a segurança de quem está protegido, sejam os justos, sejam as ovelhas. Todos os pontos se unem no intenso desejo de eternidade, por isso cantamos a vitória e celebramos as visões que tanto prazer dão à alma.

A música profana, portanto, é apenas uma operação matemática: reduzir o valor de z a zero. Já a música religiosa reduz x a zero. Em qualquer caso, uma esfera de sons está implícita em + y ou - y. Seu volume, como se sabe, é um múltiplo do cubo do raio, definido em todos os eixos, profano ou secular.


Man singet mit Freuden vom Sieg in den Hütten der Gerechten: Die Rechte des Herrn behält den Sieg, die Rechte des Herrn ist erhöhet, die Rechte des Herrn behält den Sieg!


“Nas tendas dos justos há jubiloso cântico de vitória; a destra do Senhor faz proezas: A destra do Senhor se exalta, a destra do Senhor faz proezas” (Salmo 118, 15-16)

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