quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

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E subitamente são as montanhas do Líbano. Brilha o sol sobre a neve das alturas, estamos com os veneráveis cedros, as árvores que foram também tantas naus e o madeiro dos templos. E são os ventos que movem nossos cabelos e o verde de tantas folhas, ventos feitos por violoncelos, canção que é como uma prece ouvida à distância. E são as tempestades que ameaçam esses troncos, que os lançam sobre o chão e há nisso uma lição.

Devemos em nada prestar atenção, mesmo entre os ventos das montanhas do Líbano, mesmo entre os troncos dos cedros derrubados, senão no ensinamento que conduz nossos atos. Pois mais tarde, uma chaconna terrível, antecipando outras, informa que Jesus todos os dias luta a nosso lado, nos faz vitoriosos e que nossos dias de penar hão de ter um fim.

São músicas estranhas, não há dúvida, cheias de uma exaltação religiosa incomum, capazes de transmutar o mais convencional verso de um salmo em um teatro de emoções dramáticas, como estátuas que usassem máscaras terríveis em paisagens inóspitas.

Houve quem duvidasse da identidade de seu autor. Seria mais inteligente perceber outra face da mente que a concebeu. Sob a resignação luterana, o sentimento do sinistro; sob a poesia moral, tempestades de ventos e chaconas.


Nach dir, Herr, verlanget mich. Mein Gott, ich hoffe auf dich. Laß mich nicht zuschanden werden, dass sich meine Feinde nicht freuen über mich.


“A ti Senhor, levanto minha alma. Deus meu, em ti confio, não me deixes confundido, nem que os meus inimigos triunfem sobre mim.” (Salmo 25 1, 2)


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