quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

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Angeologia é uma disciplina polêmica. Como saber o que pensam os anjos? O que querem os anjos? Na Escritura, trazem quase sempre a mensagem perturbadora de Deus. Uma cidade será consumida pelo fogo do Céu, uma mulher será transformada em estátua de sal, uma virgem conceberá. São muito estranhos os anjos: sem memória, sem vontade, cantam louvores a Deus. Ao que tudo indica, são também soldados violentos: guardam os portões do Paraíso com uma espada de fogo, travaram a grande batalha dos Céus e virão comandar o fim dos tempos. São uma hoste, um exército e há muitas razões para temê-los.

Miguel golpeou o velho Dragão, mas essa luta não é nossa, nunca estivemos em combate. Ela prossegue em torno de nós e apenas ouvimos o clangor das armas, os cavalos e os carros de combate. A guerra está longe e nada podemos fazer, senão pedir proteção. Por isso o coral nunca termina com a derrota de Satã, seu bramir ainda nos ocupa e nos faz tremer. A luta continua. Está tudo explicado.

De várias maneiras, podemos apenas pedir. Pedir que o universo nos seja benévolo, pedir que nossa vida transcorra segura, pedir saúde e prosperidade, pedir que os anjos nos acompanhem dos dois lados da estrada para que nosso pé não tropece, pedir que nos ensinem seu real ofício: cantar o sanctus, dar graças por mais um dia vivido em sossego.

Não há qualquer enigma quanto a isso. A batalha dos anjos prossegue, acima, não é assunto nosso. Podemos esperar apenas o suave caminho de Lázaro, não o que retornou da morte, mas o que foi abrigado no seio da paz.


Es erhub sich ein Streit.
Die rasende Schlange,
der höllische Drache
Stürmt wider den Himmel
mit wütender Rache.
Aber Michael bezwingt,
Und die Schar, die ihn umringt
Stürzt des Satans Grausamkeit.




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